sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Engravidei, não me sinto mãe! E agora?

Completados 16 semanas de gravidez! Ainda não consigo sentir toda essa magia que vejo em outras grávidas... o desconforto é enorme, não consigo comer direito, olfato e paladar ficam totalmente alterados, enjoos diários, constantes e persistentes, de alimentos e pessoas, até água sofre rejeição... como tenho problemas gástricos tudo fica ainda mais difícil... viver a base de remédios p/conseguir comer o mínimo que sustente no organismo é cansativo!
Não foi planejada, foi evitada e ainda assim veio em um momento não muito favorável! A rejeição foi imediata e não me sinto "um monstro" por isso! Tenho apoio de todos, mas ainda assim não me sinto confortável... o momento é de transição, é delicado, e apesar de sempre ter tido esse desejo de ser mãe não consigo me ver como tal!
Minha cabeça deu um nó... e a depressão dar o ar da sua graça fazendo com que eu queira ficar isolada, somente no meu quarto longe de tudo e de todos, quando a irritação é constante e por qualquer coisa, falta paciência, falta vontade, falta querer... a vaidade foi embora, e meu relacionamento naufragou, e por mais que eu tenha consciência que eu preciso lutar contra essa "negatividade" me faltam forças...
Todas as tentativas de me ajudar com frases prontas acabam me deixando mais irritada ainda, tais como "gravidez não é doença, é saúde!" "É assim mesmo, é normal, daqui a pouco passa!
"Não me importa se gravidez é saúde, eu ME SINTO DOENTE EMOCIONALMENTE PORQUE ESTOU VIVENDO ALGO QUE EU NÃO QUERO VIVER NESSE MOMENTO! E todo o desconforto físico só nutrem essa minha insatisfação... e o "é assim mesmo, daqui a pouco passa!" não me ajuda em nada pq continuo enjoando, vomitando e me irritando... 
Nesse verão infernal, onde o calor é triplicado p/gestante, ter que sair de calça comprida e cheia de repelentes com cheiros horrorosos, por causa de um mosquito e o medo de ter um filho deficiente, é um calvário, prefiro meu quarto com ar condicionado... mas as pessoas não entendem isso!!! Eu tenho que lidar com cobranças dessas pessoas que não conseguem me entender... eu estou fria, eu estou distante, eu mudei, eu estou intolerante, eu tenho q fazer isso, tenho q fazer aquilo, tenho q ser isso, tenho ser aquilo, tenho q ir p/tal lugar, estar aqui ou ali!! Caramba... quanta pressão!
Sou responsabilizada pelo “sofrimento” alheio e ouço sempre da minha mãe, que tem sido minha tábua de salvação: “Não pode ser assim não!” Mas e comigo? Quem tá preocupado com a forma q eu sinto ou deixo de sentir? Quem tá carregando uma vida no ventre sou eu! Quem vai ter a barriga enorme cheias de estrias e sofrer as dores do parto sou eu! Quem vai ter todo o sentido da vida mudado sou eu! Quem vai ter um ser dependente de mim, pelo qual vou ter que me virar p/dar o melhor sou eu! Quem não consegue e não vai conseguir arrumar um emprego sou eu! Quem não tem dinheiro p/comprar calcinhas que sirvam sou eu! Mas, e o pai? Esse vai cumprir o seu papel, sei que ele está no seu limite de entendimento com o meu comportamento, e homens não tem problemas em reconstruir suas vidas, afinal a única coisa que mudou é que EU vou dar a luz a um filho dele... e não precisa tá junto p/dar assistência ao filho, não é mesmo? Sabemos que a responsabilidade maior sempre está com a mãe!
De quem me cerca hoje só queria q entendessem que estou tentando aceitar essa minha nova condição, lidando com uma série de dramas internos e q eu preciso de apoio, mas um apoio irrestrito, silencioso e q não me moralize, me pressione e me cobre!! Eu quero que isso tudo passe! Espero que seja logo... talvez eu entenda ou não entenda quando olhar a minha volta e ver quem "restou"... talvez tudo a volte a ser como antes, talvez não!! Só o tempo dirá...